Artigo Acesso aberto

Minoritização, religião pública e populismo religioso no Brasil

2024; Volume: 24; Issue: 1 Linguagem: Português

10.23925/1677-1222.2024vol24i1a2

ISSN

2236-580X

Autores

Joanildo Burity,

Tópico(s)

Religion, Society, and Development

Resumo

Este artigo discute a trajetória da emergência evangélico-pentecostal na política brasileira, a partir de um marco analítico fornecido pelas categorias minoritização, religião pública e populismo, abordando-a em chave diacrônica, desde os anos 1980 até as eleições de 2022. Argumenta-se que a emergência evangélica expressa uma irrupção do político como dimensão instituinte do social, independentemente de seu caráter religioso, e que ela se desdobra em distintos momentos, não previstos ou planejados, de afirmação de uma minoria como parte da definição da identidade nacional (povo nacional) e de paulatina inserção no pacto político vigente na sociedade, levando-a a aspirar a direção moral e política da sociedade, num contexto de crise hegemônica. Esta minoritização implicou na transformação do campo evangélico-pentecostal em religião pública, atravessada pelas dinâmicas e conflitividade sociais amplas, enquanto a credenciou a integrar um novo bloco de poder no intento de fundar um novo povo brasileiro, pós-lulista, pós-democrático, integrado por “cidadãos de bem” de uma “maioria cristã”, em ressonância com outras posições conservadoras empenhadas no enfrentamento da “esquerda”, como inimigo inassimilável.

Referência(s)