Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

ÁGUAS DE TRABALHO E ÁGUAS DE NEGÓCIO: EXTRATIVISMO E CONFLITOS TERRITORIAIS

2024; Volume: 26; Issue: 3 Linguagem: Português

10.35701/rcgs.v26.980

ISSN

2316-8056

Autores

Anderson Camargo Rodrigues Brito,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

O presente artigo objetiva analisar o processo de territorialização de atividades econômicas extrativas integradas entre os litorais e os sertões do Nordeste, com vistas a compreender o papel exercido pelo controle territorial das águas no contexto de conflitos no espaço agrário. A partir de uma pesquisa bibliográfica e documental, da realização de atividades de campo em espaços produtivos e comunidades camponesas e tradicionais, verificamos que a montagem de uma geografia lacustre artificial das águas que conforma um percurso controlado para o Rio Jaguaribe no Ceará, repercute na reprodução da natureza em um regime de exceção que impõe, pela violência, circuitos extrativos hidrointensivos. Por outro lado, a forma como os sertões do Nordeste se insere nos circuitos mundializados de reprodução do capital financeiro impõe abundância e escassez de água em uma dinâmica territorial marcada por uma intensa questão agrária. A realização política dessa economia extrativa reduz o poder de articulação das instâncias de representações comunitárias a partir da incorporação do trabalho camponês ou quilombola nas estruturas de confinamento das águas. Desse modo, redução das águas do Rio Jaguaribe nas regiões costeiras tem sido o modo de produção de novos cercamentos em áreas de mangues mortos, o cativeiro das águas – uma faixa estreita cercada de água – serve para criar camarões em comunidades que tiveram seus espaços comuns cercados pelos parques eólicos. Assim, a instabilidade econômica do mercado da fruticultura irrigada exige um permanente processo de expansão das áreas de cultivo, o que tem provocado a incorporação de aquíferos como renda diferencial e capital constante. As comunidades camponesas e tradicionais têm redefinido suas ações de contestação à essa lógica se colocando como produtoras de uma crítica ao desenvolvimento.

Referência(s)