Artigo Acesso aberto

Glaucoma Agudo: abordagem inicial do clínico generalista, o que todo médico necessita saber

2024; Brazilian Journal of Development; Volume: 7; Issue: 5 Linguagem: Português

10.34119/bjhrv7n5-458

ISSN

2595-6825

Autores

Christian Diego Hernández Camacho, Sebastián Alonso Hernández Camacho, Carla Almeida, Bruno Miguel,

Tópico(s)

Maternal and Neonatal Healthcare

Resumo

Introdução: Glaucoma é um grupo de neuropatias ópticas que se caracteriza pelo aumento da pressão intraocular, atrofia do nervo óptico e perda de visão.¹ É um importante problema de saúde pública e uma das principais causas de cegueira no Brasil e no mundo. O Glaucoma Agudo ou Glaucoma de Ângulo Fechado é caracterizado pelo estreitamento ou fechamento do ângulo da câmara anterior, gerando uma drenagem inadequada de humor aquoso e aumento da pressão intraocular (PIO) e lesão do nervo óptico. Evolução aguda com cefaléia intensa, dor nos olhos, náuseas e vômitos ou crônica com hiperemia conjuntival e edema de córnea. Segunda maior causa de cegueira depois da catarata e atinge principalmente a população asiática (75%). É mais comum em mulheres e na faixa etária acima dos 60 anos de idade. Objetivo: O objetivo deste artigo é esmiuçar detalhadamente aspectos importantes desta patologia importante e que pode evoluir para a cegueira total se não for identificada e não for tratada de forma correta. É importante que todo médico saiba reconhecer e fazer a correta abordagem para evitar um desfecho desfavorável. Metodologia: Revisão integrativa da literatura. Foram encontrados 88,395 artigos na Medline, foram encontrados 2,148 artigos na Lilacs e 60 revisões na Cochrane. Sendo apenas incluídos 50 artigos selecionados para a confecção de nossa pesquisa. Declaramos a inexistência de conflitos de interesse, e reconhecemos limitações em nosso artigo, como a inexistência de literatura epidemiológica consistente no Brasil, dificultando sobreposições e aplicações teóricas na prática oftalmológica local. Discussão: O ângulo camerular pode ser avaliado através de técnicas ultrassonográficas por imagem, com laser e ciclo-coscopia. A Gonioscopia permite a visualização da anatomia do ângulo camerular, onde se localizam as estruturas relacionadas à drenagem do humor aquoso. Glaucoma é um grupo de doenças oculares que estão relacionadas ao aumento da pressão intraocular (PIO). Elas compartilham as mesmas características clínicas e histopatológicas e coincidem no aumento da relação escavação/disco e afilamento da rima nervosa. A consequente lesão destas regiões resulta na diminuição da acuidade visual, e em casos avançados a cegueira. (8,9) Nos mecanismos de ângulo fechado estão as situações de aposição à malha trabecular da íris periférica, podendo puxar (mecanismo anterior) ou empurrar (mecanismo posterior). Nos mecanismos de ângulo fechado anterior, há presença de um tecido anormal no seio camerular que sofre contração e puxa a íris periférica em direção ao Ângulo iridocorneal. Já nos mecanismos posteriores, a pressão na região posterior na íris, cristalino ou vítreo empurra a íris periférica em direção ao seio camerular, podendo ou não gerar um bloqueio pupilar. (3). Quando ocorre um desequilíbrio entre a produção e drenagem do humor aquoso há variação da pressão intraocular. Um contato prolongado da íris com o ângulo, como descrito no mecanismo posterior, pode gerar cicatrização e danos à malha trabecular. Se houver fechamento total do ângulo devido, por exemplo, a um bloqueio pupilar completo, há ocorrência de sintomas agudos devido à elevação da PIO, e se não tratada ocasionaria perda de visão e até cegueira. O bloqueio pupilar é a impedância do fluxo da câmara posterior à anterior através da pupila, aumentando a PIO câmara posterior, empurrando a periférica da íris para a frente e assim deixando o ângulo mais estreito. Ele pode ser desencadeado por fatores como fadiga, estresse, ansiedade, excitação e doenças respiratórias superiores. Sintomas de dor ocular e periocular, cefaleia, visão turva com halos coloridos, náuseas e /ou vômitos ou assintomática. Com histórico familiar da doença. Hipermétrope. Biomicroscopia indicando sinais de fechamento angular prévio, câmara anterior periférica rasa, tonometria, gonioscopia. Dentre os fatores demográficos temos: idade avançada (40, 41,42), sexo feminino, história familiar positiva de GPAF, ascendência asiática (chinesa). Fatores oculares: hipermetropia, ângulo oclusível, câmara anterior rasa, pequeno diâmetro corneano, cristalino espesso, pequeno comprimento axial do olho. A resolução do glaucoma agudo envolve o controle da PIO, seguida de iridotomia periférica a laser ou outra intervenção cirúrgica. O cenário ideal é o encaminhamento para um oftalmologista, se estiver previsto a demora para este atendimento e uma elevada suspeita de uma crise aguda, deve-se iniciar o tratamento empírico (caso PIO>40 mmHg). O tratamento inicial envolve pingar 1 gota com intervalo de 1 minuto de apraclonidina 1%, maleato de timolol 0.5% e pilocarpina a 2%. Também é indicado a administração de 500mg de acetazolamida 500mg oral ou intravenosa. Se após 30 a 60 minutos a PIO se mantiver elevada, deve-se administrar novamente as gotas. O uso de manitol deve ser administrado sob orientação de oftalmologista. Os critérios de resolução envolvem melhora ou desaparecimento da dor e edema ocular. Sem refratariedade é possível realizar a paracentese da câmara anterior, seguida de posteriormente a iridotomia periférica a laser, porém pode se considerar a iridectomia cirúrgica. Outras técnicas cirúrgicas como goniosinequiálise podem ser realizadas após uma iridotomia periférica. Em casos que a catarata obstrui o ângulo, realizar a facoemulsificação com implante da lente ocular pode permitir a drenagem de humor aquoso. Conclusão:A análise aprofundada do Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado ressalta a gravidade dessa condição, que pode levar à cegueira irreversível. Os fatores de risco, como idade avançada, sexo feminino e histórico familiar, devem ser considerados na avaliação inicial, assim como os sintomas clínicos e os resultados de exames complementares, como a gonioscopia. A regulação da pressão intraocular é eficaz na prevenção de complicações severas. Os profissionais de saúde devem identificar os sinais da doença e iniciar o tratamento adequado. O estudo evidencia a necessidade de maior produção de dados epidemiológicos no Brasil, o que pode contribuir para melhorar as práticas e resultados no manejo do glaucoma.

Referência(s)