Artigo Acesso aberto

“A Violência dos Pacíficos”

2024; National History Association; Volume: 17; Issue: 49 Linguagem: Português

10.18764/1983-2850v17n49.2024.3

ISSN

1983-2850

Autores

Sérgio Ricardo Coutinho,

Tópico(s)

Migration, Racism, and Human Rights

Resumo

A perseguição a padres e a jovens trabalhadoras e trabalhadores católicos no Brasil foi o início das graves tensões abertas entre a cúpula militar e a cúpula eclesiástica organizada na Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), logo após a implementação do Ato Institucional nº 5 de dezembro de 1968. Idealizada pelo jovem padre Joseph Cardijn, na Bélgica, a Juventude Operária Católica (JOC) foi reconhecida oficialmente em 1925 pela Santa Sé. No espaço de uma década, a JOC se espalhou pelo mundo e, em 1932, ela finalmente chegou ao Brasil. O golpe militar (1964) colocou em pauta novos desafios ao movimento operário e, consequentemente, à JOC, que passou a realizar uma reflexão mais profunda sobre as condições sócio-político-econômicas da classe trabalhadora naquele contexto latino-americano e brasileiro. Isto não passou despercebido pelos agentes do Estado autoritário, que começaram a acompanhar os militantes, sobre os quais caiu uma dura perseguição, culminando na prisão de muitas de suas lideranças. Foi nessa conjuntura que uma rede transnacional de solidariedade conduzida pela JOC Internacional expôs ao mundo, pelo menos ao Ocidente, o modus operandi do regime militar brasileiro que agredia frontalmente os Direitos Humanos. O artigo descreve as estratégias e experiências comuns vividas por uma organização sócio-política-religiosa numa cultura política marcada por um regime de força em que o elemento principal e aglutinador foi a solidariedade de caráter político e as formas de luta e agir político para além da ação coletiva.

Referência(s)