Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Caracterização e funcionalidade de indivíduos atendidos em uma unidade de AVC do planalto norte de Santa Catarina (Brasil)

2024; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 57; Issue: 1 Linguagem: Português

10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.199928

ISSN

2176-7262

Autores

Adriélle da Costa, Chelin Auswaldt Steclan, Oscar Nelson Reimann, Daniele Peres, Jonathan Wei Ting Wen Liu, Leonardo Trindade Buffara, Michael Ricardo Lang,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) reconhecido como uma das doenças crônicas mais incapacitantes, afeta não apenas o indivíduo, mas também sua família e sociedade. O percentual de indivíduos que permanecem com incapacidades funcionais varia conforme acesso aos serviços de saúde, qualidade do atendimento e práticas de prevenção secundária. Entre abordagens de tratamento, as Unidades de AVC (U-AVC) têm demonstrado avanços significativos no prognóstico, com redução de 18% na mortalidade, 25% na institucionalização e 29% na dependência funcional. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico, clínico e funcional de indivíduos hospitalizados em U-AVC após AVC isquêmico. Métodos: Foram coletados dados sociodemográficos, etiologia, gravidade do AVC e funcionalidade por meio dos testes: Acute Stroke Treatment (TOAST), National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS), Medida de Independência Funcional (MIF) e Escala Modificada de Rankin, no hospital, 30 e 60 dias após AVC, via contato telefônico. Resultados: 73 pacientes identificados, 44 participaram do estudo. Destes, 79,5% tinham mais de 61 anos; 56,8% homens, 88,6% raça branca; 84% escolaridade fundamental incompleta, 77% possuíam renda de até um salário mínimo e 79,5% frequentavam o posto de saúde. Clinicamente, 96% apresentavam fatores de risco modificáveis. Infartos de origem cardioembólica, somados aos de etiologia indeterminada foram as principais causas (68%). A proporção de pacientes com AVC leve foi minoritária (5%), e apenas 9% foram elegíveis para a terapia trombolítica. As principais razões para a perda da janela terapêutica foram a falha na identificação do AVC pelos familiares (34%) e a demora na transferência dos municípios para a U-AVC (18%); ambos fatores juntos somaram mais 12%. Na MIF total, 54% dos pacientes eram dependentes completos, 39% dependentes moderados e 7% independentes. Na MIF motora, 70% eram dependentes completos, 23% dependentes moderados e 7% independentes. Quanto à evolução funcional, na alta, 82% eram dependentes, ou seja, apresentavam incapacidade severa; após 30 dias, 57% já deambulavam de forma independente, e sete indivíduos foram a óbito; após 60 dias, 27% tinham incapacidade insignificante, 29% incapacidade moderada, 23% incapacidade severa, e houve um óbito. Conclusão: Destacou-se a presença de fatores de risco modificáveis e significativa perda da janela terapêutica, possivelmente devido à demora na identificação do AVC e transferência para a U-AVC. Positivamente, observou-se melhora progressiva no status funcional da população sob cuidados da U-AVC. Os achados permitem elucidar as características dos indivíduos pós-AVC e levantam questões que podem ser abordadas por políticas públicas de educação em saúde e intervenções regionais.

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