Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Da língua misógina do estupro ao corpo-resistência na literatura brasileira

2024; Volume: 42; Linguagem: Português

10.47250/intrell.v42i1.p91-107

ISSN

1980-8879

Autores

Carlos Magno Gomes,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Neste estudo, defendemos o imaginário do assédio/estupro como próprio de uma língua misógina, composta por códigos que relativizam a violência sexual contra a mulher. Na literatura brasileira, observamos uma resistência a esse monolinguismo machista em obras que propõem o “corpo regenerado” em oposição ao “corpo estuprado”. Como corpus, analisaremos as estratégias estéticas de resistência do conto “Mulher cobra” (2018), de Sheila Smanioto, e dos romances Eu me possuo (2016), de Stela Florence, e Vista chinesa (2021), de Tatiana Salem Levy. Metodologicamente, exploramos o conceito de “corpo-território”, conforme Verónica Gago (2020), e a proposta de “carta-testemunho”, de Eurídice Figueiredo (2021), para obras que explicitam as diferentes etapas do estupro por meio do corpo abandonado, enlutado e/ou regenerado. Como resultado, identificamos uma literatura contra o silenciamento do estupro através de uma proposta estético-ideológica: o corpo-resistência.

Referência(s)