Artigo Acesso aberto

“Eu não tenho nada pra dizer, então eu digo”

2024; Issue: 47 Linguagem: Português

10.31683/stylus.v1i47.1097

ISSN

2595-752X

Autores

Ingrid Figueiredo,

Tópico(s)

Migration, Racism, and Human Rights

Resumo

É impossível dizer tudo, o todo, pois a verdade é não-toda por estrutura. Só é possível semi-dizer a verdade, pois a própria estrutura comporta um real. Há uma disjunção ou um casamento fictício entre saber e verdade, pois o saber paga um dote para se casar com a verdade porque visa la jouissance, a cunhada. Em outras palavras, sempre há uma tentativa de reiteração de uma perda de gozo, pois, lembremos que o saber é meio de gozo e a verdade é irmã de gozo. O analisante tenta acessar essa verdade, mas a única possibilidade é semi dizê-la, já que sua estrutura também é de ficção. Através desse semi-dizer, é possível atravessar a fantasia fundamental que fixou uma marca de gozo e um valor de verdade por contingência. Na análise, pode-se construir essa fantasia fundamental e a escrita que fez litoral, ou seja, trata-se de historisterizar. Há um desencontro fundamental para todo ser falante: “que se diga fica esquecido por trás do que se diz naquilo que se ouve” ou “não há relação sexual”: há uma impossibilidade de escrever a relação sexual, mas, paradoxalmente, sempre haverá uma tentativa de escrevê-la. Será um caminho do amor à verdade ao amor à castração? Como amar essa hiância, essa fenda? Parece-nos que aqui se coloca toda a questão em torno do passe: não interessa tanto o que apareceu no final da análise, mas no momento de virada, de advento do desejo de analista, da passagem de analisando à analista, o ato inaugural.

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