Artigo Acesso aberto

MATERNIDADE SOBRENATURAL:

2024; Volume: 6; Issue: 2 Linguagem: Português

10.46551/alt0602202404

ISSN

2526-3749

Autores

Jo Pedro Klinkerfus, Natália Muhlemberg,

Tópico(s)

Religion and Society in Latin America

Resumo

Neste trabalho analisamos o filme de terror brasileiro com negros “As boas maneiras” a partir da teoria do cinema, das ciências sociais e das contribuições de feministas negras e interseccionais como Bell Hooks e Carla Akotirene, com o objetivo de destrinchar a construção da imagem de Clara, uma personagem mulher negra e sáfica. A partir de uma ponte entre estudos de comunicação e teoria social realizamos nossa análise do filme em diálogo com as contribuições dos estudos de cinema de terror e da monstruosidade e com os estudos da história da representação de mulheres negras nas mídias nos EUA e Brasil. Utilizamos do conceito de “imagens de controle” de Patricia Hill Collins e dos estereótipos de mulheres negras brasileiras destacados por Lélia González como ferramentas analíticas para compreendermos e interpretarmos as relações, representações e pontos da trama construídos no filme, o qual descrevemos em detalhe. Assim, concluímos que, mesmo que tais narrativas tentem fugir das representações racistas de suas personagens, o racismo enquanto neurose cultural brasileira persiste, materializado no filme por meio das imagens de “mãe preta”, “doméstica” e “mulata.”. Além disso, mesmo em narrativas sobrenaturais sem compromisso com verossimilhanças sociais, tais imagens de controle persistem, que entendemos como uma insistente faceta do racismo e chamamos de “maternidade sobrenatural”.

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