Vasculite de hipersensibilidade à amoxicilina: relato de caso clínico

2024; Volume: 40; Issue: 5 Linguagem: Português

10.32385/rpmgf.v40i5.13838

ISSN

2182-5181

Autores

Maria José Alves Rocha, Gonçalo Melo,

Tópico(s)

Venomous Animal Envenomation and Studies

Resumo

Introdução: As vasculites são um grupo heterogéneo de doenças imunomediadas definidas pela inflamação dos vasos sanguíneos. Podem afetar vasos de qualquer calibre, resultando numa ampla variedade de sinais e sintomas, o que dificulta o seu diagnóstico. O caso clínico apresentado mostra a importância de uma anamnese e exame objetivo cuidados, atentando em potenciais fatores desencadeadores, nomeadamente a toma de medicação. Descrição do caso: Homem, 71 anos, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, hipertrigliceridemia e hipertrofia benigna da próstata, medicado com losartan + amlodipina e dutasterida + tansulosina. Recorreu à consulta por quadro compatível com infeção respiratória baixa, não complicada. Foi feito o diagnóstico de pneumonia adquirida na comunidade e medicado com amoxicilina 500mg 8/8h durante sete dias, com melhoria sintomática. Contudo, ao décimo dia após iniciar antibiótico inicia um agravamento progressivo com prostração, hemorragia subconjuntival bilateral e surgimento de novo de lesões maculares dolorosas ao toque dispersas nas palmas das mãos e face ventral dos punhos. Nas análises destacavam-se alterações sugestivas de inflamação e autoimunidade, pelo que se presumiu diagnóstico de vasculite de hipersensibilidade à amoxicilina, tendo sido medicado com corticoterapia com melhoria sintomática. Comentário: Neste caso, a apresentação multissistémica e com boa resposta à corticoterapia aponta para um diagnóstico de vasculite. As lesões cutâneas associadas a episclerite e astenia são mais sugestivas de vasculite dos pequenos vasos. Esta é potencialmente secundária a uma reação de hipersensibilidade à medicação com amoxicilina, tendo em conta a evolução temporal do quadro, sugestiva de associação. Para realizar este difícil diagnóstico, o médico de família, pela natureza do seu trabalho e acompanhando longitudinalmente o doente, está capacitado para identificar casos com evolução temporal e associações entre patologias e medicações anteriores.

Referência(s)