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Editorial: Artes Visuais, imaginários de esquerda e capitalismo na América Latina

2024; UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ; Volume: 11; Linguagem: Português

10.33871/sensorium.2024.11.9821

ISSN

2358-0437

Autores

Ana Liza Bugnone, Bruna Fetter, Fabricia Cabral de Lira Jordão, Raíza Ribeiro Cavalcanti, Yasmin Fabris, Natalia De la Rosa,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

Editorial Artes Visuais, imaginários de esquerda e capitalismo na América Latina O imaginário revolucionário cumpre um papel importante na relação entre arte e política. Inclusive, foi a violência revolucionária e o laicismo iconoclasta da Revolução Francesa que produziu a noção moderna de arte (Groys, 2021). Na América Latina, a partir da década de 1960, os imaginários atrelados às revoluções francesa e soviética foram atualizados e reformulados desde as experiências históricas coloniais, o triunfo da revolução cubana (1953-1959) e os sucessivos golpes de Estado que estabeleceram governos ditatoriais no Brasil (1964), Bolívia (1964), Argentina (1966 e depois em 1976), Chile (1973) e Uruguai (1973). Para Ana Longoni (2014), vanguarda e revolução funcionaram como “ideias-forças” na arte desse período. A associação entre revolução e vanguarda, sobretudo nos primeiros anos das ditaduras militares do Cone Sul, redefiniu o papel da arte e dos artistas. O léxico político-ideológico assume o protagonismo nos enunciados, nas produções poéticas de artistas e nas formulações críticas e teóricas do continente, agregando novas camadas de significação para o gesto artístico, agora convertido em ação revolucionária. No Brasil, o ideário ético-político-estético vigente no período se evidenciou em conceituações como “geração tranca-ruas” (Bittencourt, 1970) e “arte de guerrilha” (Morais, 1970), empregadas por críticos e artistas na tentativa de dar unidade e, ao mesmo tempo, distinguir uma vasta e diversificada produção que foi difundida em mostras como Opinião 65 (1965), Arte no Aterro (1968), Do corpo à Terra (1970) e Domingos de criação (1971). No entanto, a crença na possibilidade de produzir uma forma artística revolucionária, a partir do paradigma da intervenção da experiência estética na realidade social, subjacente à relação arte e política dentro do espectro socialista, rapidamente encontrou seu limite. A partir daí, diversos artistas entraram em um impasse: como constituir um imaginário político nas artes visuais que não estivesse atrelado a projetos políticos-revolucionários instrumentalizadores do estético, e que também valorizavam o uso da violência, do matar e do morrer, como opção legítima da atividade política?

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