Artigo Acesso aberto

Deambulações à margem: imagens do eu-lírico errante em “Visão 1961”, de Roberto Piva

2023; Volume: 24; Issue: 3 Linguagem: Português

10.22478/ufpb.1516-1536.2022v24n3.63488

ISSN

2763-9355

Autores

Rener Brito, Vinícius Carvalho Pereira,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Neste artigo, propomos uma leitura do poema “Visão 1961”, de Roberto Piva, importante escritor brasileiro, cuja obra se mantém ainda algo à margem do cânone nacional por sua temática da vida noturna, do êxtase onírico e do delírio. Para a análise de tal texto, optou-se pela leitura de quatro de suas estrofes, a fim de discutir detidamente algumas das imagens oníricas (sugeridas já no título do poema) de um flâneur paulista do século XX. Teorias da Psicanálise e da Modernidade foram adotadas para subsidiar as discussões do poema, tanto para elucidar possíveis sentidos de seus versos mais cifrados, quanto para pensar relações mais gerais entre poesia, inconsciente e a escrita como uma caminhada do eu. Como resultados da leitura de “Visão 1961”, identificamos que a caminhada do poeta, tema importante para a modernidade nas artes, tem na poética de Piva o efeito de uma viagem, em que importam a partida, o instante, o percurso e a chegada. Nesse movimento lírico, o flâneur deambula fisicamente pela noite de São Paulo, ao mesmo tempo em que erra, inconscientemente, numa trajetória para dentro de si. Não se trata, porém, de um caminhar para um destino fixo, ou por uma rota previamente definida: o eu-lírico piviano vai inventando seu próprio rumo a cada passo que dá, seduzido pela atmosfera de delírio e onirismo que abunda nas imagens de seus versos.

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