Artigo Acesso aberto Revisado por pares

DEUSAS, SANTAS E MONSTROS: O FEMININO TERRÍVEL EM FRONTEIRA, DE CORNÉLIO PENNA

2023; UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS; Issue: 45 Linguagem: Português

10.15210/cdl.vi45.22150

ISSN

2358-1409

Autores

Lais Alves,

Tópico(s)

Gender, Sexuality, and Education

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar as características monstruosas de Maria Santa, protagonista de Fronteira (1935), primeira obra de Cornélio Penna e de grande importância para a vertente intimista do romance de 30. Tal monstruosidade situa-se no perfil ambíguo da personagem, que apresenta tanto elementos hieráticos quanto uma face sexual e assustadora. O temor causado por Maria Santa provém da imprevisibilidade de sua natureza e da impossibilidade de total controle sobre ela. Para atingir os objetivos mencionados, dividi o trabalho em duas partes: em um primeiro momento, valho-me dos estudos de teóricos como os de Camille Paglia (1990), David Gilmore (2011) e Rudolf Otto (2007) para explorar o aspecto sagrado, que, longe de conferir qualidades como as de benignidade à personagem, intensificam seu teratismo; em seguida, os trabalhos de Júlio França e Daniel Augusto P. Silva (2015), Jeffrey J. Cohen (1996) e Margrit Shildrick (2002) fornecem o aporte teórico para o exame da monstruosidade de Maria Santa, identificada em uma sexualidade predatória que ameaça simultaneamente a retidão masculina e a santidade da própria personagem. Assim, pretendemos incluí-la na categoria de um feminino terrível – uma mulher capaz de provocar temor e veneração a um só tempo.

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