Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Só chegamos aonde não somos esperados. Uma leitura de O retorno, de Dulce Maria Cardoso

2024; University of Barcelona; Issue: 13 Linguagem: Português

10.1344/abriu2024.13.7

ISSN

2014-8534

Autores

José Vieira,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Neste artigo procede-se a uma leitura do romance O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, a partir de reflexões de Eduardo Lourenço presentes em A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia (1999), e O Labirinto da Saudade (1972). Para além do filósofo e ensaísta português, recorrer-se-á a noções de liquidez e fragmentação do sujeito em constante movimento presentes em Zygmunt Bauman, de modo a pensar como a identidade de Rui, protagonista do romance, e seu pai, Mário, são, por metonímia, não só o reflexo de muitos retornados, mas também a imagem do país a braços com a descolonização e com o futuro. Relatando o fenómeno que foi o regresso de mais de quinhentas mil pessoas das antigas províncias ultramarinas, sobretudo de Angola e Moçambique, Dulce Maria Cardoso dá voz e palavra a um episódio marcante da história recente portuguesa. O Retorno é, portanto, um romance sobre uma ferida aberta que demonstra a chegada de milhares de pessoas a um lugar que não está à espera delas.

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