Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Prolapso retal em quati-de-cauda-anelada (Nasua nasua)

2024; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 52; Linguagem: Português

10.22456/1679-9216.135355

ISSN

1679-9216

Autores

Guilherme Rech Cassanego, Sheila Canevese Rahal, Gabriel Corrêa de Camargo, Lúcia Alvariz Severo da Costa, Anita Marchionatti Pigatto, Erick Yuji Tokashiki, Carime Carrera Pinhatti, Ana Julia Tonetti Claro,

Tópico(s)

Forensic Entomology and Diptera Studies

Resumo

Contexto: O quati é um mamífero da ordem Carnivora, da família Procyonidae, amplamente distribuído no Brasil. Quatis em cativeiro estão sujeitos a distúrbios nutricionais, com acúmulo de tecido adiposo na região abdominal e obesidade. Além disso, os procionídeos podem apresentar ectoparasitas, como pulgas, piolhos e carrapatos. Como há falta de informações sobre doenças em animais de cativeiro, este relatório tem como objetivo descrever um caso de prolapso retal em um quati. Caso: Um quati-de-cauda-anelada ( Nasua nasua) preso em cativeiro, com aproximadamente dois anos de idade, macho, com massa corporal de 1,7 kg, estava tranquilo e confortável ao sentar-se após uma briga com outros animais do grupo. O exame físico revelou um prolapso de 5 cm, inicialmente tratado com redução manual e sutura em forma de bolsa ao redor do ânus. Os exames copro-parasitológicos utilizando as técnicas de Willis-Mollay e Faust foram negativos. O hemograma mostrou anemia normocrômica, normocítica leve, hipoproteinemia, trombocitopenia e leucocitose devido a neutrofilia e monocitose. O exame bioquímico revelou hipocalcemia, e o animal foi tratado com cálcio. O prolapso retal ocorreu mesmo após a sutura na forma de bolsa. Portanto, foi realizada uma colopexia incisional por meio de uma celiotomia ventral mediana para promover uma adesão permanente entre o cólon e a parede abdominal. O animal evoluiu sem complicações e retornou ao seu recinto original 30 dias após a cirurgia. Na última avaliação, seis meses após a colopexia, o animal não apresentou sinais de recorrência. Discussão: Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento de prolapso retal completo em cães e gatos domésticos, como doenças prostáticas, cistite, urolitíase, constipação, corpos estranhos no reto e cirurgias perineais. No entanto, esses fatores não foram identificados no caso atual. Além disso, a lesão pode ocorrer secundariamente a colite, enterite ou endoparasitismo em cães e gatos domésticos jovens. No presente caso, o animal era adulto e seu exame coproparasitológico foi negativo, eliminando essas causas. Por outro lado, dois fatores podem ter contribuído, incluindo a briga com outros indivíduos da mesma espécie e hipocalcemia. Embora esses dois fatores tenham sido resolvidos com a separação do animal e o tratamento de reposição de cálcio, o prolapso recorreu mesmo após a sutura em forma de bolsa. Vale ressaltar que o animal não apresentava sinais clínicos relacionados à hipocalcemia, que está associada a várias doenças em cães e gatos domésticos, incluindo processos traumáticos. A colopexia foi a segunda opção de tratamento no caso atual. A técnica promove uma adesão permanente entre o cólon e a parede abdominal, impedindo assim o movimento caudal do cólon e do reto. A colopexia tem sido usada em cães e gatos domésticos com prolapso retal recorrente sem identificação de fatores predisponentes, o que inclui o presente caso. Em conclusão, o presente caso mostrou boa evolução da técnica de colopexia incisional no tratamento da recorrência de prolapso retal em quatis-de-cauda-anelada, cuja causa subjacente não pôde ser estabelecida. Até onde sabemos, este é o primeiro relato dessa condição em quatis. Palavras-chave: Cólon. Collopexia. Cirurgia. Vida selvagem.

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