P[ɾ]ATO É IGUAL A P[l]ATO, MAS BA[ɾ]ATA NÃO É IGUAL A BA[l]ATA
2023; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 38; Issue: 76 Linguagem: Português
10.22456/2238-8915.135072
ISSN2238-8915
Autores Tópico(s)Speech and dialogue systems
ResumoEsta pesquisa revisita a aquisição das sílabas de ataque ramificado CCV (Consoante1+Consoante2+Vogal) em Português Brasileiro, investigando como os segmentos líquidos que compõem CCV são categorizados e especificados ao longo do desenvolvimento infantil. Um estudo experimental de detecção de erros comparou a influência segmental e estrutural na detecção de C[ɾ]V↔C[l]V e de [ɾ]V↔[l]V. Os resultados constatam alta detecção de substituições como ‘ga/l/inha’→‘ga[ɾ]inha’ e ‘co/ɾ/uja’→ ‘co[l]uja’, mas não de ‘b/l/usa’→‘b[ɾ]usa’, e de ‘p/ɾ/ato’→’p[l]ato’ em comparação a ‘b/l/usa’→‘b[ɾ]usa’, mesmo na fala de crianças que produzem trocas C[ɾ]V↔C[l]V e que não se inserem em dialeto rotacizante. Com base na Hierarquia Contrastiva de Traços (DRESHER, 2003), argumentamos que inicialmente não há especificação do contraste entre C/l/V e C/ɾ/V, embora esse contraste já esteja estabelecido em contexto CV. Este argumento apoia-se na frequência majoritária do padrão distribucional e na baixa carga funcional de C/ɾ/V-C/l/V, que, em oposição ao balanceamento da frequência e à alta informatividade do contraste /l, r/ em CV, levam a uma defasagem (ou neutralização) contextual da oposição de traços. Assim, existe um momento no desenvolvimento infantil em que a contrastividade entre líquidas depende da sua posição na estrutura da sílaba, indicando que a hierarquia contrastiva de traços considera informações contextuais em sua construção.
Referência(s)