Utilização de anel constritor ameróide para correção de duplo desvio portossistêmico extra-hepático em cão
2024; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 52; Linguagem: Português
10.22456/1679-9216.139627
ISSN1679-9216
AutoresCarolina Yumi Miyaguni Morais, Victória Cristina dos Santos, Catherine Konrad Nava Calva, Anna Vitória Hörbe, Rainer da Silva Reinstein, Cauê Pereira Toscano, Daniel Herreira Jarrouge, Maurício Veloso Brun,
Tópico(s)Organ Transplantation Techniques and Outcomes
ResumoIntrodução: Os shunts portossistêmicos (PSS) são anomalias vasculares comuns em cães. Há uma prevalência de raças, sendo os cães de pequeno porte, principalmente os Yorkshire terriers, os mais afetados. A PSS pode ser extra-hepática ou intra-hepática, única ou múltipla, congênita ou adquirida e pode causar sinais clínicos neurológicos, gastrointestinais e urinários. Embora o tratamento clínico seja possível, sabe-se que a atenuação cirúrgica melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes com PSS. Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de um canino com duas PSS que foram atenuadas cirurgicamente com uso de anel constritor de ameróide. Caso: Uma fêmea de Yorkshire terrier, não castrada, com quatro meses de idade e pesando 3,3 kg, foi encaminhada para tratamento por suspeita de ingestão de fio de cobre. O exame físico revelou sinais neurológicos e sensibilidade abdominal. Com base na história e nos achados físicos do paciente, suspeitou-se de intoxicação por cobre e PSS foi considerado um possível diagnóstico. A radiografia lateral mostrou conteúdo gástrico heterogêneo e contendo estruturas radiopacas, indicando corpo estranho gástrico. O paciente foi submetido à celiotomia exploradora, o que confirmou a suspeita e permitiu sua retirada por gastrotomia. Durante o pós-operatório, o paciente teve recuperação lenta da anestesia e continuou apresentando sinais neurológicos. A tomografia computadorizada revelou um shunt porto-ázigos extra-hepático de 0,6 cm e um vaso anômalo de 0,25 cm originado do shunt porto-ázigos e inserido na veia cava caudal e nos ramos da veia gástrica. Após diagnóstico e estabilização dos sinais clínicos, foi realizada uma segunda celiotomia exploradora para correção de ambas as PSS. O primeiro vaso anômalo maior foi corrigido com a implantação de um anel constritor ameróide de 5 mm, enquanto um anel constritor de 3,5 mm foi implantado no segundo vaso anômalo. O paciente permaneceu estável no pós-operatório e recebeu alta cinco dias depois. No acompanhamento de sete dias, o paciente estava alerta, com apenas momentos ocasionais de agitação. Discussão: O presente caso relata a presença de duplo shunt portossistêmico porto ázigos com presença de múltiplos ramos gástricos. As DP portoázigotas representam 25% de todos os shunts extra-hepáticos congênitos diagnosticados em cães. A atenuação cirúrgica é essencial para reduzir os sinais clínicos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com PSS. Um estudo com 128 cães com PSS congênita, acompanhados por 64 meses, demonstrou que a intervenção cirúrgica está diretamente associada ao aumento dos escores de qualidade de vida relacionados à saúde. Os shunts portossistêmicos são anomalias vasculares desafiadoras, tanto do ponto de vista clínico quanto cirúrgico. Em que, o manejo do caso envolvendo tratamento clínico para estabilização do paciente vinculado à manobra terapêutica cirúrgica é fator determinante para o sucesso do procedimento. Neste estudo, a modalidade de correção cirúrgica foi o implante de anel constritor de ameróide por meio de celiotomia. O anel constritor ameróide foi o primeiro dispositivo de oclusão gradual para atenuar shunts. Esta técnica tem se tornado mais comum na correção de shunts portossistêmicos congênitos em cães por ser segura e promover eficazmente o fechamento gradual dos shunts. É a terapia mais benéfica para os pacientes com maior taxa de sucesso do que outras técnicas, destacando a constante evolução da medicina veterinária, sendo o anel constritor ameróide um marco notável. No presente relato, a técnica cirúrgica utilizada, com uso do anel constritor ameróide, resultou em recuperação satisfatória do paciente que apresentava duplo shunt porto-ázigos portossistêmico.
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