Sociologia da Infância e o direito de voz das crianças: reflexões sobre o conceito de polifonia
2024; Complutense University of Madrid; Volume: 8; Issue: 2 Linguagem: Português
10.5209/soci.97558
ISSN2695-8996
Autores Tópico(s)Poverty, Education, and Child Welfare
ResumoA retórica de “dar voz às crianças” tem sido destacada na Sociologia da Infância, entretanto pouco se tem avançado em torno da confirmação prática do compromisso com os direitos das crianças. O conceito de polifonia, apresentado neste estudo, propõe um novo paradigma para a promoção de práticas mais harmoniosas, promovendo o diálogo horizontal entre as vozes adultas e infantis, baseado na igualdade, na ética e no respeito mútuo. Distanciando-se dada a noção tradicional de “dar voz”, que implica o controle do adulto sobre “se” e “quando” as vozes infantis são ouvidas, a polifonia sugere uma abordagem colaborativa e co-construtiva. O conceito articula-se em torno de três esferas de orientação: cultura, autonomia e reconfirmação, e questiona se as vozes das crianças estão a ser efetivamente incorporadas nos processos de tomada de decisão que afetam os seus contextos. Uma reflexão sobre estas questões é crucial para situar a polifonia como forma de deslocar o poder dos adultos, promovendo práticas que considerem verdadeiramente as contribuições das crianças. Assim, a polifonia não se limita às crianças ouvintes, mas transforma as suas vozes em agentes de mudança, reconhecendo-as como participantes essenciais na construção de uma sociedade mais democrática com as crianças. Em última análise, o conceito se estabelece como um símbolo de compromisso, baseado em valores de liberdade e cuidado, tanto não que diga respeito à infância, mas também às crianças, proponho um novo modelo de interação que realmente valorize e integra as vozes múltiplas e plurais das crianças.
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