
MARIE OCTAVIE COUDREAU E A EXPLORAÇÃO DO RIO CANUMÃ
2024; UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS; Volume: 15; Issue: 52 Linguagem: Português
10.21170/geonorte.2024.v.15.n.52.01.25
ISSN2237-1419
AutoresPaulo Roberto de Albuquerque Bomfim,
Tópico(s)Environmental Sustainability and Education
ResumoPredominantemente masculinos, relatos de viagens ao longo do século XIX e princípios do século passado vêm ganhando destaque em investigações sobre as formulações e circulações do conhecimento geográfico. No marco das ideologias geográficas, o presente artigo se volta para os olhares acerca das vozes não hegemônicas de tais narrativas de viagem. Ao focar as viagens à Amazônia brasileira, alvo de interesses imperiais que envolviam ciência, política e disputas e territoriais, investiga-se a exploração da francesa Marie Octavie Coudreau (1867-1938) ao rio Canumã, no Sul Amazonense, entre 1905 e 1906. Financiada pelo governo do Amazonas, Coudreau mapeou e descreveu as características geográficas, econômicas e etnográficas da região, além de ter se valido do uso de fotografias na construção de imaginários sobre a Amazônia. Sendo uma viajante europeia, cujas formulações estão marcadas por olhares etnocêntricos, racistas e deterministas, ao trabalhar para as elites políticas amazonenses, em plena efervescência da economia da borracha, contribuiu para um projeto ‘civilizatório’ do governo desse estado, que buscava possíveis rotas de escoamento econômico e ambicionava a apropriação do território. Nas entrelinhas, seu trabalho, acabou por desvelar o impacto da economia da borracha, documentando a presença de povos indígenas e tradicionais, as dinâmicas de migração e os conflitos decorrentes do contato com não-originários. A investigação sobre a viagem de Coudreau e outros exploradores não hegemônicos contribui, afinal, para uma agenda de pesquisa objetivando novos olhares para o estudo dos papéis das mulheres viajantes, suas contribuições científicas, e a análise crítica do colonialismo e imperialismo.
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