
O jogo de paradoxo intergênere em La prueba de los ingenios, de Lope de Vega
2024; SciELO; Volume: 26; Linguagem: Português
10.1590/2596-304x202426e20240937
ISSN2596-304X
AutoresKarenina do Nascimento Rodrigues,
Tópico(s)Spanish Literature and Culture Studies
ResumoRESUMO O objetivo deste artigo é abordar como o dramaturgo espanhol Lope de Vega (1562-1635) usa o recurso do paradoxo nas relações dos gêneros feminino e masculino em La prueba de los ingenios através dos dilemas de casamento, do metatravestimento, do labirinto e dos contra-silogismos. O feminino engenhoso, que supera o engenho masculino, mostra as inconsistências das convenções normativas sobre mulheres no vocabulário dramático da comédia. O fenômeno da mulher erudita é um contraponto às restritas funções de filha-virgem, mãe-mulher e velha-viúva. La prueba de los ingenios é a primeira comédia do primeiro livro organizado por Lope, a Novena Parte, de 1617, focada no protagonismo feminino. A partir dessa comédia, portanto, propomos um olhar atento às especificidades culturais do Antigo Regime. O enredo central da protagonista Florela, em prol de interesses casamenteiros naquela sociedade patriarcal, revela o quanto a reputação das mulheres não depende somente de mérito, mas da obrigação de se casar para gerar descendentes, o que pressupõe a aceitação da mediocridade de seus maridos. No caso de La prueba de los ingenios, os pretendentes são contrastados pela engenhosidade minotáurica do casal sáfico da comédia. O engenho extraordinário das damas, bem como o potencial sáfico da relação entre elas, associa-se ao monstro Minotauro, provocando o efeito maravilhoso da comédia.
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