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“Impossível pregar um cravo na roda que começou a andar”: Christiano Ottoni e a emancipação dos escravos

2024; Servicios Academicos Intercontinentales; Volume: 17; Issue: 13 Linguagem: Português

10.55905/revconv.17n.13-275

ISSN

1988-7833

Autores

Pedro Eduardo Mesquita de Monteiro Marinho, Magno Fonseca Borges, Thiago de Souza dos Reis,

Tópico(s)

Colonialism, slavery, and trade

Resumo

Este artigo analisa o debate político e econômico em torno da escravidão e da emancipação no Brasil Imperial, com foco no parecer de Christiano Benedito Ottoni, articulado em 1871. A partir de uma perspectiva comparativa que envolve colônias inglesas, francesas e o Sul dos Estados Unidos, Ottoni destacou as singularidades do escravismo brasileiro e defendeu uma transição gradual para a emancipação. Esse modelo, que encapsula as contradições da “modernização conservadora,” buscava integrar o progresso econômico e tecnológico sem romper com as estruturas hierárquicas e excludentes da sociedade oitocentista. O estudo examina a atuação do Clube da Lavoura e do Comércio, criado para resistir às reformas emancipacionistas do Gabinete Rio Branco, e o papel de grandes dirigentes, como o Visconde do Rio Branco, na aprovação da Lei do Ventre Livre. Destaca-se como a classe senhorial articulou estratégias para proteger seus interesses econômicos e políticos, ao mesmo tempo em que lidava com pressões internas e externas por mudanças. A análise de Ottoni, marcada por argumentos providenciais e pseudocientíficos, reforçou a defesa de uma emancipação controlada que evitasse rupturas drásticas, mas também perpetuava estruturas de dominação racial e social. O artigo revela como o escravismo brasileiro, em um momento de transformações globais e locais, foi tratado não como um problema humanitário, mas como uma questão de gestão política e econômica pela classe dominante.

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