EU SURDO
2024; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 16; Issue: 1 Linguagem: Português
10.12957/periferia.2024.85892
ISSN1984-9540
Autores Tópico(s)Linguistics and Language Studies
ResumoAo escrever em português, muitos estudantes surdos, naturalmente, imprimem em seus registros características estruturais da sua língua natural – no Brasil, majoritariamente a Libras –, características estas que, em certa dimensão, diferem da estrutura linguística do português, o que faz com que, por conseguinte, tal escrita não seja plenamente aceita na sociedade. Uma dessas características diz respeito a não marcação sentencial dos verbos de cópula (ou verbos copulativos) – especificamente os verbos ser e estar –, também conhecidos, pela Gramática Tradicional (GT), como verbos de ligação. Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), os verbos copulativos ser e estar, em geral, não são usados, emergindo, na estrutura de superfície, apenas o sujeito e o predicativo (FELIPE, 1998). Nesse sentido, o presente artigo intenta evidenciar a inexistência dos verbos copulares em Libras enquanto particularidade linguístico-estrutural da Libras naturalmente refletida nos textos escritos em português produzidos por estudantes surdos. Para tanto, apresenta discussão teórica apoiada em Felipe (1998), Oliveira (2020), Capovilla et al. (2019a, 2019b, 2019c), entre outros, e analisa redações escritas por estudantes surdos advindas de seleções do vestibular do curso de Letras/Libras da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A partir disso, conclui que a não marcação da cópula apresenta motivações linguístico-estruturais claras: a relação entre os constituintes da sentença acontece por meio do contexto de sinalização, a partir de recursos como a apontação e a direção do olhar, os quais se encarregam de estabelecer o sentido das construções copulares, ainda que tais recursos não sejam transportados para a modalidade escrita, ocasionando, assim, uma escrita particular.
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