Ditadura militar, racismo e apagamento histórico: o caso da Orquestra Afro-Brasileira
2024; Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música; Volume: 30; Linguagem: Português
10.20504/opus2024.30.17
ISSN1517-7017
Autores Tópico(s)Brazilian cultural history and politics
ResumoO presente trabalho tem como fonte principal de pesquisa o depoimento de Carlos Negreiros para a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. No depoimento, Negreiros conta a relação conflituosa, ocorrida no período de 1964 a 1970, entre a Orquestra Afro-Brasileira, coletivo do qual fazia parte, e o interventor da ditadura militar brasileira, que atuava na Rádio MEC, ambiente onde a orquestra fazia seus ensaios e onde Abigail Moura, líder do conjunto, trabalhava como copista. A partir da triangulação desse material com outros trabalhos sobre a Orquestra Afro-Brasileira e com notas da imprensa da época, teremos condição de traçar minimamente um panorama de como o regime tratou a questão da raça neste caso em específico. Nesse panorama, abordaremos quatro perspectivas: o episódio em que a orquestra foi impedida de representar o Brasil no Festival de Artes Negras em Dacar, Senegal; a paranoia anticomunista; a depredação e destruição do acervo da orquestra; e, por último, a melancolia dos dias finais de Abigail Moura, que também decretou o final da orquestra, pelo menos em sua configuração original. Visitar essas perspectivas, neste caso em específico, vai nos permitir refletir o quanto a ditadura militar no Brasil agiu concretamente em prol do racismo e do apagamento histórico.
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