Disfunção Pituitária da Pars Intermedia em Égua da Raça Crioula
2024; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 51; Linguagem: Português
10.22456/1679-9216.129398
ISSN1679-9216
AutoresAna Carolina Barreto Coelho, Lucas Fröhlich Lauxen, Lucas Moreira da Rosa Silva, Edenara Anastácio da Silva, Natália Lima Brasil Dutra, Guilherme Alberto Machado, Eliza Simone Viégas Sallis, Beatriz Lopes Simão,
Tópico(s)Vehicle Noise and Vibration Control
ResumoRESUMO Introdução: A disfunção pituitária da pars intermedia é uma doença neuroendócrina que acomete equinos com média de 15 anos ou mais. Ocorre pela perda da regulação dopaminérgica da pars intermedia, e consequentemente, maiores níveis de produtos da clivagem de pró-opiomelanocortina (POMP) e cortisol no organismo. Com isso, observamos a presença dos sinais clínicos. Podendo ser discreta como diminuição na performance atlética e alteração de atitude. Ou na forma clássica com presença de hipersutimo, laminite, poliúria, polidpsia, perda de peso e letargia. Frequentemente, nos achados laboratoriais o animal pode apresentar hipercortisolinemia basal, hiperglicemia, glicosúria, neutrofilia e elevação das enzimas hepáticas. O diagnóstico em vida é dado a partir do histórico do animal e sinais clínicos em complemento com o teste de supressão de dexametasona. No entanto, em casos como relatado no presente trabalho, o exame post mortem pode confirmar o diagnóstico, através da avaliação macroscópica e histológica da glândula pituitária. Caso: Uma égua crioula de 14 anos de idade chegou na clínica em Nova Santa Rita – RS, com suspeita clínica de síndrome cólica. As manifestações clínicas apresentadas foram ataxia, caminhada com base ampla e emagrecimento progressivo há 20 dias. No exame físico, notava-se alteração nos nervos cranianos, ruído respiratório e apatia. No exame hematológico, havia leucocitose e hiperglicemia. Devido a piora do quadro clínico nos 4 dias subsequentes, o animal foi eutanasiado e encaminhado para o exame necroscópico. Na inspeção visual do cadáver observou-se moderado hirsutismo. Na retirada do encéfalo, macroscopicamente, a hipófise estava aumentada de tamanho e exteriorizava-se da fossa hipofisária, mas mantinha a arquitetura. Outras alterações como edema pulmonar, hepatomegalia e parasitose compatível com estrongilus foram visualizadas. Histologicamente, na pars intermedia havia congestão e acentuada proliferação de células poliédricas a fusiformes dispostas em cordões separados por septos de tecido conjuntivo, invadindo e comprimindo a pars nervosa. As bordas celulares eram indistintas, o citoplasma levemente biofílico e granular com nucléolo evidente, caracterizou-se como adenoma na hipófise, além de pneumonia piogranulomatosa. Discussão: O diagnóstico de disfunção pituitária de pars intermedia nem sempre é uma tarefa fácil, porém com o histórico clínico, perfil do animal, lesões macroscópicas e histológicas foi possível conclui-lo. Manifestações clínicas como apatia, ataxia, locomoção com base ampla, alteração de nervos cranianos e andar em círculos são justificadas pelo aumento da hipófise, fazendo com que houvesse compressão dos tecidos adjacentes. O emagrecimento progressivo, perda de massa muscular, leucocitose, aumento dos índices glicêmicos e alterações em enzimas hepáticas são consequências do efeito catabólico da elevação do cortisol no organismo. O excesso de cortisol no organismo também possui efeito imunossupressor, o que justifica o fato do animal apresentar pneumonia piogranulomatosa e enterite. Entretanto, fatores estressantes como o manejo e o transporte também são considerados facilitadores para a afecção. Sinais clínicos discretos como o aumento da pelagem, ainda que no inverno devem ser considerados pelo médico veterinário. Apesar de sua relevância na medicina equina, os casos de adenoma causando disfunção pituitária de pars intermedia são pouco descritos. A necropsia e o histopatológico foram fundamentais para o diagnóstico, visto que os sinais clínicos são pouco específicos e podem ser confundidos com outras doenças.
Referência(s)