Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Fruto do paraíso

2024; Brazilian Society of Cinema and Audiovisual Studies; Volume: 13; Issue: 2 Linguagem: Português

10.22475/rebeca.v13n2.1005

ISSN

2316-9230

Autores

Luiza Wollinger Delfino, Esther Hamburger,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

Fruto do paraíso (1970) é o terceiro longa-metragem de Věra Chytilová e seu último filme realizado no contexto da Nova Onda do cinema Tcheco e Eslovaco e da Primavera de Praga. Imbuído de referências estéticas vanguardistas e antenado às mudanças que ocorriam no país durante as filmagens, os autores integram a ocupação das tropas do Pacto de Varsóvia aos temas originais previstos no roteiro, sobre traição e busca pela verdade. O mundo fílmico de Věra Chytilová, Jaroslav Kučera (diretor de fotografia do filme) e Ester Krumbachová (co-roteirista, figurinista e diretora de arte do filme) é construído através de distorções ópticas, sonoras e de montagem, que tensionam as relações dos e entre os corpos no espaço. A presente análise busca investigar os modos em que essas experimentações formais de câmera, montagem, dramaturgia, atuação e figurino criam símbolos instáveis em um discurso mais sensorial do que narrativo, o qual potencializa debates sobre teorias do cinema através dos sentidos, como de Laura Marks (2000), que pensa o cinema como pele, e Giuliana Bruno (2002; 2014) que pensa em imagens como superfícies. Essa tensão dos efeitos táteis traz uma narrativa das formas; das cores, das oscilações de atuação, dos espaços, da trilha sonora. As articulações entre imagens e sons exigem curiosidade também dos espectadores para se entregarem sensorialmente a elas – uma qualidade inerente ao cinema, acentuada pelas experimentações de Chytilová, Krumbachová e Kučera.

Referência(s)