
Corpos em crise, territórios em disputa
2024; Brazilian Society of Cinema and Audiovisual Studies; Volume: 13; Issue: 2 Linguagem: Português
10.22475/rebeca.v13n2.1150
ISSN2316-9230
Autores Tópico(s)Migration, Racism, and Human Rights
ResumoO presente texto analisa o filme Iracema - uma transa amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, destacando como a obra reflete as tensões e crises ao longo da Transamazônica, no contexto da colonização da Amazônia nos anos 1970. Considerado um marco do gênero road movie no Brasil, o filme é explorado como uma chave interpretativa, especialmente no que diz respeito à jornada como metáfora para transformações internas e externas, tanto dos personagens quanto das paisagens que atravessam. Nesse sentido, o road movie funciona como uma instância narrativa que revela a complexidade das relações entre movimento e estagnação, progresso e degradação, e, sobretudo, a colonização dos espaços marcados por conflitos. Iracema - uma transa amazônica se consolida, portanto, como uma crítica à presença da estrada na representação de paisagens naturais em deterioração. A produção peculiar do filme é abordada tanto por suas instâncias de fabulação quanto por suas impressões de realidade, envolvendo o que está dentro e fora do quadro, o que é mostrado e o que o governo militar tentava ocultar. Como metáfora, a Transamazônica aparece como uma cicatriz no território, enquanto a jornada de Iracema e sua relação com o caminhoneiro Tião Brasil Grande expõem o impacto desse progresso sobre os habitantes locais, especialmente mulheres e trabalhadores marginalizados, cujos corpos, em constante mutação, são marcados pela exploração e violência.
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