Artigo Acesso aberto

Covid longa: avaliação da persistência de sintomas e da qualidade de vida de pacientes que receberam alta após internação por COVID-19 no Hospital Universitário de Brasília

2024; Volume: 5; Issue: 4 Linguagem: Português

10.54022/shsv5n4-048

ISSN

2764-0884

Autores

Gabriela Gonçalves Almeida, Juliana de Souza Lapa,

Tópico(s)

Healthcare during COVID-19 Pandemic

Resumo

Introdução: A Covid Longa é definida como a presença de manifestações clínicas após um quadro agudo de COVID-19. Dentro do espectro da Covid Longa, a Síndrome Pós-Covid-19 é estabelecida pela presença de sinais ou sintomas após 12 semanas ou mais do quadro agudo. Dentre as alterações mais frequentemente identificadas, destacam-se fadiga, cefaléia, distúrbios da atenção e queda de cabelo. Dados da literatura apontam que cerca de 45% dos pacientes podem apresentar pelo menos uma manifestação compatível com a Covid Longa. Além disso, a Covid Longa e a Síndrome-Pós-Covid-19 estão associadas a outros desfechos, como não retorno ao trabalho ou a atividades de estudo, necessidade de realização de diálise cronicamente e a necessidade de realização de reabilitação física. Metodologia: Aplicação de questionários por telefone com o objetivo de identificar a persistência de sinais e sintomas e avaliar o impacto da doença em até 3 meses após a alta hospitalar por internação por COVID-19. Os questionários foram aplicados de outubro de 2020 a março de 2022. O desfecho final avaliado foi de presença de Síndrome-Pós-Covid-19. Para análise descritiva, foram calculadas frequências absolutas e relativas para as variáveis. Para a análise estatística, as variáveis numéricas foram dicotomizadas e submetidas ao teste Chi-quadrado. Resultados: Dos 91 participantes, 63% eram do sexo masculino e 36% do feminino. A idade média foi de 57 anos. 63% dos pacientes identificavam-se como pretos, pardos ou indígenas. 46% apresentavam escolaridade inferior a 12 anos. 20% necessitaram de reinternação hospitalar após 3 meses, 9% tornaram-se dependentes de oxigenoterapia após a alta, 6% realizaram hemodiálise e 25% relataram estar em reabilitação física ou motora. 41% não retornaram às atividades habituais de trabalho e estudo. 20% relataram apresentar a presença de algum sintoma compatível com Síndrome Pós-COVID-19. Os principais sintomas encontrados foram: cansaço, respiração ofegante, perda de memória, dor muscular, queda de cabelo e sintomas depressivos. Não foi encontrada associação entre presença de Síndrome Pós-COVID-19 e as variáveis sócio-demográficas analisadas. Foi verificada uma associação significativa (p = 0.018) entre a necessidade ventilação mecânica na internação e a realização de terapia dialítica em até 3 meses. Também foi verificada uma associação (p = 0.02) entre escolaridade inferior a 12 anos e não retorno às atividades após alta. Conclusão: A prevalência de Síndrome Pós-COVID-19 após 3 meses foi de 20%. Não encontramos associação entre a presença de sintomas e as variáveis sócio-demográficas analisadas. A baixa escolaridade esteve associada ao não retorno às atividades laborativas e/ou estudo. A necessidade de ventilação mecânica durante a internação esteve associada à necessidade de diálise após 3 meses. A identificação dessas complicações é essencial para a organização dos serviços de saúde para proporcionar assistência adequada a este grupo de pacientes.

Referência(s)
Altmetric
PlumX