
Carlos Drummond de Andrade e o belo presente
2024; Volume: 20; Issue: 36 Linguagem: Português
10.48075/rlhm.v20i36.33815
ISSN1983-1498
AutoresCamila Geovanna Alves da Silva,
Tópico(s)Arts and Performance Studies
ResumoEm 1979, Carlos Drummond de Andrade endereçava, “com atraso indesculpável”, uma carta de agradecimento pelo recebimento de um “belo presente”. A carta era endereçada ao músico Francisco “Chico” Mário de Sousa, de quem havia recebido o recém-lançado Terra, ao ver do poeta, um disco “tão mineiro e tão cheio de sugestões e sensações para quem guarda Minas no coração”. Neste artigo, proponho o cotejo analítico das composições musicais do disco Terra (1979), de Francisco Mário, com poemas selecionados de Carlos Drummond de Andrade, adotando o respaldo teórico de Holanda (1982 [1936]), Candido (2023 [1987]) e Didi-Huberman (2010). O critério para a seleção dos poemas reside em que tratem da natureza e dos processos históricos associados à mineração na Minas Gerais do século XX, enquanto as composições do disco serão, quando não minunciosamente examinadas, mencionadas para efeito de comparação, e discussão. O desdobramento de tal cotejo se dá em respaldar a influência do projeto modernista brasileiro nas referidas composições, tendo por pressuposto que disco Terra não apenas foi influenciado pela inclinação folclórica do projeto musical modernista e pelo modernismo de província drummondiano, como também os atualiza com sentidos estruturados no campo de enunciação do Brasil ditatorial.
Referência(s)