Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Líber, Augusto e Marco Antônio

2024; Universidade de Brasília; Imprensa da Universidade de Coimbra; Issue: 34 Linguagem: Português

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ISSN

2179-4960

Autores

Lya Serignolli,

Tópico(s)

History of Education Research in Brazil

Resumo

A libertas era uma questão fundamental na política romana, ligada aos primórdios da República; e Líber era uma divindade que correspondia a esse aspecto sob as mais diversas perspectivas. O papel de Líber como libertador é tão antigo em Roma que se confunde com as lendas dos fundadores da República, que foram chamados de libertadores por sua atuação na expulsão dos reis. Líber e libertas, especialmente a política, estavam arraigados à mente romana, e as lideranças políticas achavam interessante estabelecer essa ligação. Entre as décadas de 40 e 30 a.C., vários líderes políticos adotaram divindades como patronos e modelos: Marco Antônio, Dioniso e Hércules; e Otaviano, a princípio, Apolo, e, posteriormente, Líber, um modelo oportuno por sua associação a Alexandre, o Grande (como símbolo da conquista do Oriente), e por seu papel como deus itálico da vegetação e do vinho, ligado aos antigos valores republicanos. No contexto da guerra civil, a acirrada disputa pelo poder era apresentada na poesia como um confronto entre modelos divinos. Aproveitando-se do caráter paradoxal de Baco, os poetas augustanos associam seu papel como herói deificado, símbolo de triunfo e poder civilizatório à figura de Augusto, reservando a Marco Antônio seus aspectos mais sombrios, como a embriaguez e o luxo excessivo. Este artigo analisa o modo como Horácio contribui para a assimilação de Líber ao repertório augustano, em um momento de profundas transformações políticas em Roma.

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