“MINHA MÃE NÃO MORREU. ELA CONTINUA VIVA, MAS NO MEU PENSAMENTO”: O LUTO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ORFANDADE PELA COVID-19
2025; Volume: 12; Issue: 1 Linguagem: Português
10.47456/cadecs.v12i1.47386
ISSN2318-6933
AutoresFlávia Ferreira Pires, Luciana Patrícia Brito Lopes, Mohana Ellen Brito Morais Cavalcante, Pedro Henrique Gomes da Paz,
Tópico(s)Psychology and Mental Health
ResumoEste artigo apresenta e analisa as experiências de luto pela Covid-19 vivenciadas por famílias assistidas pelo programa de transferência de renda Paraíba que Acolhe, relatadas durante trabalhos de campo antropológicos realizados entre maio de 2023 e setembro de 2024, com 53 crianças e adolescentes em orfandade pela Covid-19, em 28 famílias extensas. Os resultados indicam que as crianças, os adolescentes e suas famílias são afetados, para além da perda parental, pelo luto continuado. Para compreender esse processo, lançamos mão das consequências dos rituais fúnebres suspensos; da medicalização individual em resposta ao luto coletivo; da gestão nefasta da sindemia pelo governo Bolsonaro; e do exercício da memória, principalmente pelas crianças e adolescentes, como forma de presentificar ausências físicas. Embora a proteção social seja uma diretriz dessa política pública, não foram registradas ações intersetoriais que incluíssem a atenção psicológica e/ou psiquiátrica aos beneficiários diretos e seus familiares. Em conclusão, destacamos a necessidade de um cuidado multissetorial direcionado às famílias enlutadas, para além do provimento financeiro.
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