Nas entrelinhas de um clube de leitura: reflexões sobre encontros literários como possibilidade transformadora
2025; Servicios Academicos Intercontinentales; Volume: 18; Issue: 1 Linguagem: Português
10.55905/revconv.18n.1-330
ISSN1988-7833
AutoresVitor Apolinário Malgarezi, Camila Citadin Milaneze,
Tópico(s)Education and Digital Technologies
ResumoO artigo analisa o papel do Clube de Leitura Leia-se como um dispositivo cultural capaz de fomentar a democratização do acesso à leitura e a formação de leitores em um contexto marcado pelos desafios impostos pela hegemonia neoliberal. O objetivo central é compreender como os clubes de leitura mobilizam valores coletivos, afetos e novas formas de temporalidade, promovendo transformação social e cultural por meio da literatura. A metodologia, de caráter teórico-analítico, combina estudo de caso baseado na experiência prática dos autores como mediadores do clube, revisão bibliográfica e análise de dados, como os da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024). Essa abordagem permite articular vivências práticas com reflexões teóricas sobre as barreiras ao acesso à leitura no Brasil. O referencial teórico inclui a teoria histórico-cultural de Lev Vygotsky, que ressalta o papel da mediação e das interações sociais no desenvolvimento humano, enquanto Jacques Rancière é utilizado para discutir a partilha do sensível, que redefine visibilidades e promove a igualdade das inteligências nos processos de leitura. Antônio Cândido é utilizado como referência para pensar a literatura como ferramenta de formação humana e resistência cultural, destacando o tempo como tecido da vida em oposição à lógica utilitarista neoliberal. Na discussão, o artigo evidencia como os clubes de leitura criam espaços de diálogo coletivo, ressignificam o tempo e promovem novas experiências estéticas, rompendo com narrativas dominantes que restringem o acesso à literatura. A mediação desempenha um papel central, ampliando horizontes culturais e sociais, enquanto os clubes possibilitam a inclusão e a transformação pessoal e coletiva. O estudo aponta que os clubes de leitura podem se configurar como dispositivos potentes de resistência cultural e inclusão social, desafiando as barreiras neoliberais ao valorizarem a leitura como experiência estética e coletiva. Esses espaços se configuram como caminhos para a democratização da cultura e o desenvolvimento humano, oferecendo possibilidades concretas de transformação frente às dinâmicas contemporâneas.
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