Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Critérios pedológicos e socioambientais indicativos da adequação de intervenções técnico-produtivas em agroecossistemas familiares: o exemplo da região do baixo Tocantins-Cametá, Pará

2024; Volume: 44; Linguagem: Português

10.11606/eissn.2236-2878.rdg.2024.147559

ISSN

2236-2878

Autores

Lourdes Henchen Ritter, Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo,

Tópico(s)

Agricultural and Food Sciences

Resumo

O estudo adotou critérios pedológicos indicativos da qualidade de sistemas produtivos desenvolvidos em agroecossistemas familiares em duas localidades do Território do Baixo Tocantins (TBT), estado do Pará. Tais indicadores foram selecionados com o objetivo de se analisar comparativamente a adequação de duas formas de intervenções técnico-produtivas (agroecológica e agroindustrial). A primeira localidade considerada representativa dos modos de intervenções de base agroecológica pertence ao município de Cametá (comunidades Ajó e Inacha), nas quais os agricultores fazem parte de uma rede de agricultores multiplicadores, oportunizada pela Associação Paraense de Apoio a Comunidades Carentes (APACC). A segunda localidade é um Projeto de Assentamento chamado Calmaria II, no município de Moju (comunidades São José e Água Preta), onde o dendê (Elaeis guineenses) é a principal atividade produtiva promovida pelo Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), operacionalizado por agroindústrias da dendecultura, junto aos agricultores familiares. Foi realizado uma caracterização de indicadores locais de sustentabilidade socioambientais, para fins de tipificação dos agricultores representativos, e coletados dados pedológicos, obtidos pela descrição morfológica e pela análise de amostras retiradas de subáreas sujeitas a diferentes formas de uso da terra: sistema agroflorestal (SAF), área de roça (AR), área com dendezeiro (AD) e floresta nativa (AF). Os resultados mostraram que as intervenções, de certa forma, alcançaram os propósitos, mas muitos problemas foram observados: para o caso da intervenção em Calmaria II, a relação entre agricultores e técnicos foi bastante conflitante; dentre os aspectos mais positivos estão aqueles vinculados ao aumento do trabalho, tanto na própria propriedade como pela venda de mão-de-obra à agroindústria. A intervenção de caráter agroecológico foi mais bem-sucedida na comunidade de Ajó do que em Inacha, uma vez que, na primeira, houve maior eficiência na transição do manejo (práticas e técnicas) da agricultura tradicional (coivara) para a agroecológica. Possivelmente, isso ocorreu porque Ajó dispõem de um meio biofísico mais diversificado com solo de terra firme, como o Latossolo Amarelo distrófico (LAd) sob vegetação secundária e solos originados em planícies fluviais, mais hidromórficos, que ampliam as possibilidades das atividades do sistema produtivo. O SAF dessa comunidade mostrou-se mais enriquecido naturalmente em bases trocáveis (K+, Ca2+, Mg2+) e com maiores concentrações em nitrogênio microbiano quando comparado aos demais sistemas de manejo das outras comunidades observadas.

Referência(s)