Trabalho doméstico e poder familiar: práticas, normas e ideais
2000; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 35; Issue: 156 Linguagem: Português
ISSN
2182-2999
Autores Tópico(s)Gender, Feminism, and Media
ResumoAs formas e estruturas da familia sao fortemente influenciadas pela organizacao da sociedade. Assim, ao desenvolvimento do capitalismo associaram-se, a partir do fim do seculo xvm, importantes transformacoes sociais que permitiram a extensao do modo de vida burgues a todas as classes sociais e a difusao da ideia de que «o lugar da mulher e em casa». A separacao entre esfera publica e esfera privada esta na origem de concepcoes que diferenciam radicalmente as funcoes dos dois sexos na familia. Nestas concepcoes, o papel das mulheres consiste em cuidar da casa e dos filhos, enquanto o papel dos homens consiste em prover as necessidades materiais da familia, geralmente atraves do exercicio de uma actividade remunerada (Parsons, 1955). A partir dos anos 60, com o ingresso em massa das mulheres na vida profissional, observou-se uma progressiva liberalizacao das opinioes sobre a divisao rigida das funcoes dos dois conjuges (Spence, Deaux e Helmreich, 1985). No entanto, estas mudancas nao se traduziram em alteracoes significativas na organizacao familiar. Os estudos sobre a divisao do trabalho domestico demonstram que a participacao dos homens nas tarefas domesticas continua a ser pouco significativa (Stohs, 1995; Baudelot e Establet, 1992). Embora as mulheres parecam consagrar menos tempo a estas tarefas, esse facto nao se deve a uma maior participacao do marido, mas sim a reducao, pelas proprias mulheres, das actividades domesticas ou a modificacao do seu modo de vida (Kellerhals, Troutot e Lazega, 1993). Alguns autores consideram mesmo que o trabalho domestico realizado pelas mulheres nao tem diminuido (Saraceno, 1992). O tempo que era despendido, no passado, em
Referência(s)