FECHAMENTO DA FACULDADE DE MEDICINA E DE FARMÁCIA DA BAHIA, NO TERREIRO DE JESUS, EM 14 DE JUNHO DE 1901 PELO MINISTRO DA JUSTIÇA E NEGÓCIOS INTERIORES, EPITÁCIO DA SILVA PESSOA, SENDO REABERTA POR DECRETO DE 19 DE JANEIRO DE 1902

2010; Faculty of Medicine of Bahia; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

0016-545X

Autores

Antonio Carlos Nogueira Britto,

Tópico(s)

Public Health in Brazil

Resumo

Inusitado e grave sucesso ocorreu em 14 de junho de 1901, quando o ministro da Justica e Negocios Interiores, Dr. Epitacio da Silva Pessoa, do gabinete do presidente Manuel Ferraz de Campos Sales, fechou temporariamente, na sobredita data, a Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus, por persistirem os alunos no proposito de nao voltar as aulas em virtude da parede iniciada a 4 de junho, que teve como pivo, consoante a versao do diretor da Faculdade, a sua recusa em anuir a pretensao dos academicos de lhes ser concedida umas ferias, como costumavam ter nos anos anteriores, afirmando, ainda, que a sua negativa estava consubstanciada no regime da frequencia obrigatoria, estabelecido no novo Codigo das Instituicoes de Ensino Secundario e Superior, decretado em 1o de janeiro de 1901, e, a 12 do mesmo mes, o Regulamento das Faculdades de Medicina, referendados pelo ministro Epitacio Pessoa. Na noite de sabado, 15 de junho, esteve cerrado o edificio da Faculdade por um contingente de cavalaria policial. Era diretor da Faculdade o Dr. Jose Olimpio de Azevedo, que, nao resistindo as pressoes do episodio, renunciou ao cargo em 1.o de agosto de 1901 obteve exoneracao em 10 de agosto de 1901, sendo nomeado diretor, por decreto de 10 de agosto, o Dr. Alfredo Thome de Britto, o qual tomou posse no dia 21 do mesmo mes e ano. Em manifesto divulgado pela imprensa da cidade da Bahia, em 17 de junho, os jovens academicos de medicina alegaram que resolveram homenagear, no dia 4, o estudante Alvim Martins Horcades, no azo do seu regresso do Rio de Janeiro, onde esteve como emissario da corporacao academica, com o escopo de apresentar ao Congresso Nacional o protesto da classe estudantil contra a reforma do ensino, ultimamente decretada. Consoante os estudantes, a homenagem publica e coletiva da classe ao seu emissario foi uma “manifestacao simples e sincera que o publico apreciou e o collega commovido recolheu ao coracao”. Indignada quedou-se a mocidade academica da Faculdade de Medicina da Bahia, pelo fato do diretor, “estribado na autoridade que lhe deu o officiallismo, ultrajou ostensivamente a mocidade, marcando ponto nas aulas, batendo-lhe brutal e grosseiramente as portas da secretaria, quando encorporada lhe fora pedir a relevacao das faltas”, justificadas pelo comparecimento dos alunos dos diversos cursos da Faculdade a recepcao e homenagem ao academico Alvim Martins Horcades. No ensejo da declaracao publica que fundamentava os recentes atos dos estudantes, o novo Codigo das Instituicoes de Ensino Secundario e Superior e o Regulamento das Faculdades de Medicina, do ministro Epitacio Pessoa, foram, de modo acerbo, criticados pela corporacao academica, por levarem ao auge a desordem e anarquia do ensino. Por outro lado, o manifesto dos estudantes de medicina acusava o diretor, Dr. Jose Olimpio de Azevedo, de nepotismo e incapacidade administrativa. Alem do mais, em telegramas emitidos pelos alunos para o Rio de Janeiro, ao Ministro do Interior, a Câmara, Senado e Federacao dos Estudantes, os estudantes afirmavam que nao queriam ferias e sim a exoneracao do diretor e que nao compareceriam as aulas enquanto permanecesse aquele funcionario. Dentre os signatarios do alentado manifesto estavam lavrados os ilustres nomes dos academicos de medicina Clementino Fraga, Oscar Freire, Celestino Bourroul, Joaquim Martagao Gesteira, Antonio Borja, Albino da Silva Leitao, Alvim Martins Horcades, Alvaro Madureira de Pinho, Arthur Lavigne de Lemos, Virgilio Senna, Duvaltercio Aguiar, Antonio Ignacio de Menezes, farmaceutico Raul Henrique Schmidt e muitos outros. Fechada a Faculdade de Medicina da Bahia, foi a mesma reaberta por decreto de 19 de janeiro de 1902, comecando as inscricoes para exames em 21 de fevereiro do mesmo ano. Palavras-chave: Fechamento da Faculdade de Medicina da Bahia. Ano 1901. Ministro Epitacio da Silva Pessoa. Reabertura em 1902.

Referência(s)