Postérité des langues d’Aram: l'hypothèse sémitique dans l’origine imagine de l’étrusque au XVI e siècle

1990; University of Lisbon; Volume: 18; Linguagem: Português

10.1484/j.euphr.5.126500

ISSN

2736-3082

Autores

Claude-Gilbert Dubois,

Tópico(s)

Linguistic and Sociocultural Studies

Resumo

Em 1546 foi publicada em Florença uma obra intitulada II Gello. O autor, Pierfrancesco Giambullari, é membro proeminente da nova Academia florentina, tal como aquele que empresta o nome ao título, Giambattista Gelli. O ensaio filológico propõe uma hipótese que nos pode parecer invulgar: «a língua falada em Florença» provém do estrusco que, por seu lado, deriva do aramaico, língua arcaica que deu origem, no Oriente, ao hebraico, e, no Ocidente, ao antepassado da língua toscana. Se repararmos bem, dar-nos-emos conta de que tal ideia não está isolada. Tinha sido emitida sob outra forma pelo próprio Gelli em opúsculo anterior. Remontamos assim a um autor do séc. XV, Giovanni Nanni, aliás Annius de Viterbo, que, sob o título de Antiquitates, dera a público documentos controversos para demonstrar a origem dos povos árabes através de uma curiosa amálgama de mitologia greco-latina e de histórias bíblicas, Annius dá corpo à hipótese de uma fixação de Noé, que falava aramaico, nas paragens da Etrúria. Assim se teria perpetuado nesta região a língua de Noé. Quanto ao mais, o raciocínio desenvolvido por Giambullari comporta intuições verosímeis: assim, a origem aramaica (pelo menos parcial) do hebraico, ou a origem asiática dos Etruscos, que constitui hipótese a ganhar cada vez mais adesão. Na realidade, esta investigação «filológica» a que não podemos negar seriedade segundo os critérios da ciência do tempo, desenvolve-se sobre um fundo político. Ela serve a causa de Cosme de Médicis que intenta constituir títulos de «antiguidade» para melhor assentar o seu poder político. A origem da língua «florentina» permite contrariar a importância do latim, enquanto língua de Roma. Assim, Florença apresenta-se como concorrente da cidade imperial. Tal hipótese seria retomada e adaptada em França à história reinventada dos Gauleses, pretensos antepassados dos Franceses, e terá como finalidade pôr também em causa o poder de Roma.

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