Artigo Produção Nacional

SÁ, Alcindo José de. FARIAS Paulo Sérgio Cunha (Org.). Ética, Identidade e Território. CCS gráfica e Editora. Recife-PE. 2012.

2013; UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO; Volume: 30; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

2238-6211

Autores

Bruna Maria da Silva Rapozo,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

O livro Etica, Identidade e Territorio, organizado por Alcino Jose de Sa e Paulo Sergio Cunha Farias, esta dividido em dez textos que discutem a Geografia Contemporânea, o Territorio e seus valores eticos identitario em tempos de modernidade, onde a globalizacao quanto processo tecnologico diminuiu as barreiras, mas tambem homogeneiza os territorio e produz exclusoes sociopolitica, culturais e territoriais. Nesta perspectiva Sa e Farias dialogam com outros autores das ciencias humanas sobre assuntos referentes as identidades e eticas territoriais. O primeiro artigo, Etica, Identidade e Territorio: reflexao numa perspectiva geografica Alcino Jose de Sa faz uma reflexao acerca da sociedade moderna e seus valores, simbolos e signos embasado na nocao de Estados/Nacoes que deixa as margens as singularidades do localismo. Para o autor a identidade nao esta desassociada dos aspectos eticos morais, mas com o diferencial que no periodo moderno esses aspectos sao ditados por leis normativas do Estado, onde esse sistema relacional de poder e regulado por normas e formas territoriais juridico-politicas racionais. Nessa perspectiva o Estado Nacao e um exemplo onde a etica e moral sao poutadas de forma mais flexiveis devido os recortes territoriais feitos pelo Estado e mercado. O Segundo artigo, Os territorios da ´´civilidade `` e da violencia em Pernambuco - BR: O caso dos estados de excecao e de morte em espacos da cidade de Recife, Sa trabalha a questao do medo, morte e violencia nos territorios interurbanos da Regiao Metropolitana do Recife. Para o autor a morfologia do medo, morte e violencia e caracterizada pelo individualismo e auto-segregacao do intraurbano expressos nos aparatos tecnologicos, condominios fechados e segurancas privadas para afastar qualquer pessoa indesejada, sendo os pobres nesse contexto considerados bandidos em potenciais. Ainda de acordo com o autor os numeros da violencia e medo em Pernambuco entre 1996 a 2009 sao alarmantes o que leva a populacao de classes sociais variadas considerarem os espacos geograficos com indices de violencia crescentes como ´´terra de ninguem`` o que tem sido bem aproveitado por todos os veiculos de comunicacao, aliais, um grande meio comercial bem explorado atraves da cultura do espetaculo que se firma e se afirma por intermedio do ´´hiper-realismo`` das tragedias``(SA, 2012, p.81), essa inducao ao medo da violencia e morte torna as residencias ´´ verdadeiras prisoes fora dos presidios``, como bem coloca Sa impunidade e flexibilidade das leis tornou o problema da violencia no Recife e no Brasil multifacetado; traduz uma mistura espacial de casa grande/senzala, condominio fechado/favela, pontos e redes seletivas para encontros de velhas e novas tribos fragmentadas. No artigo intitulado a Caatinga enquanto espaco identitario: Geografia e patrimoniazacao da natureza no Brasil, Caio Augusto de Amorim Marciel aborda a revalorizacao do bioma Caatinga como Patrimonio Natural e Cultural da Humanidade. Nesta perspectiva a Caatinga torna-se dotada de signos, simbolos e valores socioeconomico e culturais onde os elementos naturais tornam-se simbolos da identidade local e regional diferentemente de outrora quando era vista de forma negativa. O autor ressalta que ´´ a Caatinga tornada patrimonio natural e cultural de toda a humanidade ilustra o quanto a politica e a identidade nacional sao elementos-chaves para se compreender o conflito internacional entre valores universalistas e comunitarios que marcam nosso tempo [...] (2012, p. 102). Em Cartografando as cidades enrugadas e desestigmatizando os corpos estranhos, Keila Queiroz e Silva faz uma analise dos territorios delinquentes e rugosos de bairros populares das cidades de Joao Pessoa e Campina Grande no estado da Paraiba, buscando assim dar visibilidades as identidades das avos cuidados que tem a aposentadoria como unica fonte de renda da familia marginalizadas e visibilizadas pela classe media local. Em sua reflexao a autora destaca a sua experiencia pessoa de filha de classe medeia, e seu contato com as comunidades outrora vistas como territorios da violencia, sujeira, feiura, pobreza e vagabundagem, alem de seus impactos simbolicos, relacionados as questoes da higiene, da estetica ambiental e feminina, das relacoes familiares, inter- geracionais e de genero. Em sua trajetoria cartografica pelos bairros e cidades enrugadas constata que ´´os corpos pobres sao desmascarares da maquiagem urbanistica produzida pela razao instrumental burguesa e produzida pelos discursos midiaticos (p. 157). Em Territorio do prazer: propaganda, moda e sensibilidade no Recife (PE) dos anos 20 (seculo XX), Iranilson Buriti faz uma reflexao teorico- metodologica da historia cultural e da moda e sua relacao com as identidades territorialidade no Recife do sec. XX. Nesse contexto historico cultural a o consumo de mercadorias importadas estava impregnado de fetiches, valores, status e identidade, nesse senario as melindrosas e almofadinhas tornam-se as novas referencias indenitarias das ruas dos Recife. Para Buriti as ruas tem documentalidade e memoria em suas placas, pracas, e lojas, sendo estes espacos patrimonios historicos culturais de transmissao de saberes e de construcao de identidade local, regional e nacional. Ele considera as ruas territorios dos prazeres proibidos, das dores, dos lazeres permitidos, das dores, dos gritos e do silencio das madrugadas mortas, gelidas, monotonas ou talvez calientes (p. 164). Buriti ainda ressalta o papel da midia revistas e jornais que promovia e ditava os padroes esteticos, eticos e politicos, juntamente com o capitalismo que se aproveitando da mistica do progresso cria novos padroes de beleza, cheiros, roupas e status, sendo estes um ´´estilo de vida``. Em uma reflexao antropologica Elizabeth Christina de Andrade Lima em seu texto Pedra D`Agua: um territorio quilombola? Negociando identidades, tenta compreender uma comunidade negra de Pedra D`Agua - Inga-PB, onde os habitantes tem uma grande resistencia em se auto- afirmarem como remanescentes de quilombo com descendencia de escravos fugidos. Segundo a autora nao ha uma construcao da identidade pautada em lutas comuns, a identidade do grupo e construida conforme relatos orais a partir de um pertencimento etnico, com lacos de parente em comum e pela ocupacao do territorio por eles habitados. No ensaio o uso das identidades ecologicas e territoriais como diferenciacao marginal das confeccoes produzidas com algodao colorido na Paraiba, Paulo Sergio Cunha Farias faz uma analise das identidades ecologicas e territoriais do estado da Paraiba onde as especificidades locais estao sendo apropriadas pela industria da moda e vestuario dando assim homogeneidade as roupas que sao fabricadas com a fibra do algodao colorido. As roupas fabricadas com o algodao colorido sao inseridas no mercado interno e externo que incorpora elementos simbolicos e singulares da cultura local. O autor destaca que a industria da moda tem buscado o exotico e simbolicos culturais de uma regiao, assim como os recursos que sao transformados em mercadorias pelo capitalismo para assim atrair os agentes economicos para uma regiao os em mercadorias transformacao do simbologico e identitario regional e natural em mercadorias exoticas apropriadas pelo capitalismo para a atracao dos agentes economicos e maximizacao dos lucros. Gleydson Pinheiro Abano, em seu artigo Territorio da globalizacao da agricultura no RN, analisa a territorialidade da agricultura globalizada de algumas multinacionalidades localizadas nos municipios de Ipanguacu e Barauna no Rio Grande do Norte, municipios estes que sofreram e sofrem grandes impactos fundiarios causados pela expansao e apropriacao da agricultura global. O autor destaca que a globalizacao da agricultura e expansao do territorio transformou os locais, mudou a posse de terras e alterou o mercado e as relacoes de trabalho. Rosalvo Nobre Carneiro e Jose Erimar dos Santos no ensaio, Etica e identidade territorial na Feira da Pedra de Sao Bento- PB trabalham a relacao existente entre etica, identidade e territorio e o sentimento de pertencimentos dos individuos e grupos que frequentam e trabalham na feira da Pedra de sao Bento-PB. Segundo os autores o territorio da feira surge a partir da identidade e principios eticos morais construidos entre os sujeitos feirantes e fregueses que constitui a feira como um territorio socioeconomico, politico e cultural. Fernando de Lourdes Almeida Leal em seu texto Escola do campo no campo: espaco de construcao de identidades ressalta que a existencia de escola no espaco rural e uma condicao para construcao da identidade dos moradores do campo. Para o autor a escola na zona rural e um elo forte de ligacao entre as propostas pedagogicas e o modo de vida campones. Ao longo do Livro, Etica, Identidade e Territorio, os autores refletiram de forma multidisciplinar as questoes referentes ao territorio e suas singularidades, eticas, indenitarias, assim como buscaram identificar e analisar as diferenciacoes e valoracao territorial atraves das especificidades seja ela local regional, nacional e ou global.

Referência(s)