Estudo evolutivo do sistema morfoclimático e morfotectônico da bacia do Rio Verde (MG), sudeste do Brasil
2012; Linguagem: Português
ISSN
2639-6459
Autores Tópico(s)Geography and Environmental Studies
ResumoA bacia do Rio Verde drena uma area de 6.893 km2 na parte meridional do estado de Minas Gerais, em terrenos pertencentes a Serra da Mantiqueira e ao Planalto do Alto Rio Grande. A diversidade paisagistica existente em seu perimetro sinaliza para a interferencia mutua entre efeitos climaticos e tectonicos atuando na evolucao do relevo, que vem dando aporte a diferentes modalidades de uso da terra ao longo da historia, o que repercute em diferentes quadros morfodinâmicos. Encerra-se, dessa forma, como objetivo central da presente tese perpetrar um estudo do sistema morfoclimatico e morfotectonico da bacia de drenagem em questao mediante uma perspectiva sistemica, tomando como pressuposto que a verificacao integrada dos agentes endogenos e exogenos e conduta necessaria para uma interpretacao suficientemente abrangente da evolucao morfologica da area. Em carater mais especifico, tambem e tomado como objetivo averiguar as conexoes estabelecidas com a dimensao antropogenica atraves das diferentes formas de uso da terra e alteracoes ambientais associadas, que se integra a evolucao natural da paisagem na conformacao de diferentes geossistemas. O estudo das superficies geomorfologicas subsidiou a compreensao da evolucao do relevo e sua compartimentacao, procurando-se interpretar os significados climaticos e tectonicos definidores do atual posicionamento das superficies geomorficas e suas possiveis correlacoes. No tocante as coberturas superficiais, maior enfase foi dada aos depositos fluviais existentes na bacia do Rio Verde, que foram abordados sob o prisma da aloestratigrafia, de grande valia para o estudo de depositos quaternarios. Foi definida uma aloformacao neoquaternaria correspondente as planicies aluviais atualmente ativas do Rio Verde e principais afluentes, que foi designada como Aloformacao Rio Verde, edificada fundamentalmente por sucessoes de acrecao horizontal e transbordamentos, conformando depositos datados entre 600 e 1200 anos. A tectonica ativa que tambem figura como componente fundamental na evolucao do relevo regional foi estudada mediante a execucao de procedimentos de analise estrutural e interpretacao das evidencias no relevo e na drenagem de efeitos deformacionais recentes (neotectonicos), e que sobejam na area de estudo na forma de capturas fluviais, deflexao e migracao de canais, encaixamento e retilinidade abusiva da drenagem, soerguimento de planicies de inundacao, deslocamento de cristas, falhamentos atingindo depositos recentes, entre outros. Como subsidio ao conjunto de procedimentos acionados para analise geomorfologica e estrutural, foram empreendidas datacoes absolutas de sedimentos pelo metodo da Luminescencia Opticamente Estimulada (LOE), que auxiliou de forma auspiciosa as interpretacoes de cunho morfoclimatico e morfotectonico. Foram datados depositos de planicies aluviais soerguidas, o que acusou uma tectonica ativa em idades essencialmente neoquaternarias, compreendidas entre dois e 55 mil anos. Os resultados obtidos a partir do estudo da evolucao natural do relevo foram tratados em suas conexoes com a dimensao antropica, integrados em conformidade com a abordagem geossistemica. Tal leitura concebeu cerca de trinta unidades de mapeamento definidas a partir do relevo, variavel fundamental na definicao de unidades de paisagem em areas de topografia movimentada e submetida a uma tectonica ativa, juntamente com o padrao tectonico e estrutural, a textura das coberturas superficiais, a vegetacao e o uso da terra. Cada uma dessas unidades constituem classes de facies discernidas em trinta unidades de mapeamento que se agrupam em um nivel superior que, interpretados num sistema bilateral de classificacao, correspondem a geomas/macrogeocoros. De forma inequivoca, a evolucao natural do relevo pode ser integrada a dimensao antropogenica em uma perspectiva sistemica, cujo resultado final consubstancia unidades de mapeamento que sao reflexos de tais conexoes. O carater integrado de sua definicao, exaltando as potencialidades e restricoes do meio, podem subsidiar de forma direta o planejamento ambiental e a gestao do territorio.
Referência(s)