A intervençao política dos vinhateiros no século XIX

1996; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 31; Issue: 136 Linguagem: Português

ISSN

2182-2999

Autores

Conceiçao Andrade Martins,

Tópico(s)

French Historical and Cultural Studies

Resumo

O sector vitivinicola foi, sem duvida, um dos mais dinâmicos da economia portuguesa oitocentista. A cultura da vinha expandiu-se consideravelmente por todo o pais e em finais do seculo ocuparia entre 10% e 15% da area cultivada e produziria um rendimento bruto superior a 36 000 contos. O vinho, por seu lado, representava cerca de 50% das receitas do comercio externo portugues e cobria a volta de 30% das importacoes. Uma regiao, o Douro, e um produto, o vinho do Porto, sobressaem inegavelmente no Portugal vinicola de Oitocentos. Em meados do seculo (1864), o «relatorio» elaborado pela Comissao Encarregada de Estudar a Questao Vinhateira do Douro1 da-nos uma ideia da importância economica e social do sector do vinho do Porto. Na regiao demarcada viviam directamente da producao e do comercio do vinho do Porto 25 246 agregados familiares, e a este numero haveria ainda que acrescentar os trabalhadores sazonais, os que viviam da navegacao no Douro e os que se sustentavam deste comercio no Porto e em Gaia. Os capitais e os rendimentos provenientes da cultura, fabrico e comercio do vinho do Porto rondariam os 46 000 contos. Entre 1838 e 1862, o Estado cobrou anualmente, somente de direitos «excepcionais» pela sua exportacao e consumo no Porto e em Gaia, fora os impostos comuns e os especificos, mais de 250 contos2, representando as receitas provenientes dos direitos de exportacao do vinho do Porto entre 67% e 81% das restantes mercadorias exportadas3. Na balanca comercial portuguesa o vinho do Porto representava um terco

Referência(s)