Ocorrência de raiva em humano transmitida por animal silvestre, em abril 2012, no município de Tapurah-MT
2012; Volume: 10; Linguagem: Português
ISSN
2596-1306
AutoresValdir Gonçalo Leite dos Reis, Silene Manrique Rocha, N. N. Almeida, M. C. Barros, Rodrigo Citton Padilha dos Reis,
Tópico(s)Virology and Viral Diseases
ResumoA raiva e uma doenca infecciosa aguda, causada por um virus, que compromete o sistema nervoso central (SNC), levando a um quadro de encefalomielite aguda, cuja letalidade e de aproximadamente 100% (Brasil, 2005; Brasil, 2009 e Kotait et all, 2009). Os animais domesticos, silvestres terrestres e morcegos sao os maiores transmissores dessa doenca aos seres humanos principalmente pelo contato da saliva contaminada por meio de mordedura, lambedura ou arranhadura (KOTAIT et all, 2009 e WADA et all, 2011). O virus da raiva apresenta uma alta capacidade de adaptacao a diferentes especies de mamiferos, sendo esta doenca com ampla distribuicao mundial, ocasionando grande impacto socioeconomico e gerando um grave problema de saude publica (KOTAIT et all, 2009; e WADA et all, 2011). Diante da problematica da ocorrencia desta doenca em escala mundial este estudo teve como objetivo avaliar o numero de atendimentos por agressoes causadas por animais silvestres, sobretudo por morcegos, no estado do Mato Grosso no periodo de janeiro de 2007 a julho de 2012, atraves dos dados registrados no SINAN/DATASUS/ MS/SES-MT. De acordo com os registros do SINAN, para o periodo analisado foram notificadas 688 agressoes a humanos por animais silvestres. Destes casos de agressoes notificadas, 3,0% (21/688) a especie agressora foi a raposa, 23,5% (162/688) foram por primatas nao-humanos e 73,4% (505/688) foram por morcegos. As agressoes por morcego correspondem em media 84,1 (505/6) agressoes por ano, sendo 64,7% (327/505) destes atendimentos registradas na zona urbana e 35,2% (178/505) na zona rural. Este estudo corrobora com os realizados por Reis et all, 2010; e Wada et all, 2011, em que as agressoes por morcego segue um padrao onde os maiores registros foram na zona urbana, sugerindo uma ascendente procura ao atendimento do servico publico de saude. Este fato pode ser consequencia da acessibilidade ao servico de saude na area urbana como tambem, a conscientizacao da populacao urbana em relacao ao contato com estes animais. No periodo avaliado observou-se que os maiores contatos foram principalmente por morcegos nao hematofagos, insetivoros e frugivoros, comuns em ambientes urbanos, como edificacoes e em arvores frutiferas, utilizadas em paisagismo cultural regionalizado, como em pomares e pracas, facilitando a interacao entre estas especies, e com os caninos, felinos e humanos, podendo ocasionar graves consequencias, fatos estes observados tambem nos estudos de Sodre et all, 2010 e Ribeiro et all, 2010. Analisando os casos de raiva em morcego, no periodo estudado foram registrados em 2008, 02 casos em morcego nao hematofagos. Embora nao tenha observado registro de positividade em morcegos hematofagos, no estado de Mato Grosso tem ocorrido casos de raiva em herbivoros, transmitidos por Desmodus rotundus, sugerindo assim uma subnotificacao nos sistemas de informacao. Este fato indica que o virus rabico silvestre – compativel com a variante 3, tem circulado no estado representando assim um grande risco para a populacao humana. As notificacoes de agressoes a humanos, os casos de raiva em morcegos, a ocorrencia de raiva em herbivoros, dentre outros fatores, evidenciam o registro de um caso humano no municipio de Tapurah, diagnosticada por variante compativel de animal silvestre (variante 3) com sugestiva transmissao por cervideo. Estas situacoes discutidas, sugerem que outros casos suspeitos de raiva poderao ocorrer, sendo necessaria e de fundamental importância a implementacao de acoes de vigilância e condutas oportunas frente a contato por morcegos e outros animais silvestres, sinalizando um alerta a toda sociedade sobre o risco de transmissao da doenca por estas especies. Este estudo teve como incentivo os trabalhos desenvolvidos pelos professores Wilson Uieda e Ricardo Moratelli Rocha, e o apoio institucional da Secretaria Estado de Saude do Estado de Mato Grosso.
Referência(s)