Os partidos políticos e a democracia
2003; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 38; Issue: 167 Linguagem: Português
ISSN
2182-2999
Autores Tópico(s)Social Media and Politics
ResumoINTRODUCAO O facto de que os partidos politicos estao em crise e potencialmente a beira de um grave declinio e actualmente uma ideia mais ou menos aceite entre os comentadores de todas as democracias estabelecidas. Outrora considerados uma componente necessaria a manutencao do governo representativo e um elemento essencial na estabilizacao e funcionamento sustentado da moderna democracia de massas, os partidos politicos sao hoje frequentemente entendidos como instituicoes arcaicas e desactualizadas. Ademais, sendo dominados por aquilo que e por vezes entendido como uma classe politica dedicada aos seus proprios interesses, ou sendo criticados por servirem pouco mais do que a promocao dessa mesma classe, os partidos politicos sao hoje muitas vezes descritos como organizacoes que dificultam a renovacao democratica, mais do que como um dos meios pelos quais a democracia pode ser ainda sustentada. Ha pouco mais de trinta anos teria sido razoavel perguntar se existia uma vida politica significativa para la do mundo dos partidos. Actualmente, parece mais apropriado perguntar se existe ainda vida politica dentro desse mundo. Mas embora haja muita verdade e, de facto, muitas provas convincentes subjacentes a tese contemporânea do declinio partidario, o argumento e tambem, num sentido fundamental, enganador. Na verdade, embora as organizacoes partidarias possam estar a fracassar, os partidos enquanto tais certamente nao estao. Este e um dos temas-chave que pretendo desenvolver no presente artigo, ja que a distincao entre organizacoes partidarias, por um lado, e partidos enquanto tais, por outro, e normalmente ignorada nos debates contemporâneos. Ao mesmo tempo, como sugiro aqui, se nao tivermos
Referência(s)